O Itau Cultural está apresentando uma retrospectiva do trabalho de Lygia Clark. Posto que o seu trabalho muitas vezes propunha vivenciaçōes, numa dinâmica que fazia as pessoas se relacionarem, me pergunto até que ponto a instituição cultural é capaz de promover isso.
Digo isso porque, em um ambiente tão regrado, ao chegar e me deparar com as Obras Moles, não tenho certeza se posso manuseá-las, ainda que este seja o meu impulso. Tenho que perguntar. Posso? Pronto, é só alegria. Após quebrada a barreira da intocabilidade, passa-se a querer manusear tudo. Principalmente os Bichos, e porque não? Ao aproximar a mão, logo sou abordada por um segurança. "não pode tocar!". De fato, havia uma faixa no chão, mas quem realmente repara nelas?
O incômodo de ter que ficar o tempo todo atento às regras da instituição passa a ser maior que o desfrute da experiência artística.
Sem contar que, às vezes, o fato de se poder manusear uma obra é transformado em um espetáculo desnecessário. Monitores são colocados a postos para te abordar e dizer: "pode mexer se quiser, viu?" "tem que fazer fila pra entrar aqui, só pode um por vez".
Será que realmente era essa diversão regrada que a Lygia Clark estava propondo? O limite da instituição é mais que evidente, e não sei se existe alguma forma de contornar este problema por completo, já que existe a responsabilidade de assegurar a integridade física das obras (acaba por se sacrificar a integridade 'moral')
Afora isso, de fato as experiências sensoriais são interessantes e estão asseguradas
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Thiago Carneiro de Cunha: esculturas
Foto por Marina Frúgoli
Thiago Carneiro de Cunha, de forma distinta, também insere a dimensão do tempo em suas esculturas. Por conterem velas constantemente acesas e frutas perecíveis, sabe-se que, em questão de dias, a obra já não estará igual a o que é hoje; as velas derretem, os alimentos se deterioram.
A presença do tempo que promove a lenta modificação das esculturas está implícita, tanto que não é preciso ver as tais mudanças para acreditarmos nela, não é necessário voltar outro dia para confer se de fato a escultura está diferente: sabemos que estará.
É interessante notar a velocidade destas mudanças, que, de tão devagar, não são visíveis durante uma visita. Não sei se é possível falar em esculturas cinéticas, dada a sua distinta escala de tempo, que, por sinal, combina com as figuras zen ali representadas, cheias de expressividade e simbologia.
A exposição está na Galeria Fortes Vilaça e fica até o dia 27.10.2012
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