sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nelson Leirner 2011 - 1961 = 50 anos


A exposição retrospectiva da obra de Nelson Leirner, com curadoria do Agnaldo Farias, fica na galeria de arte do SESI (av. Paulista, 1313) até o dia 6 de novembro.
É densa, e não teria como ser de outro jeito, afinal, são 50 anos. Ainda assim, há uma boa amostragem dos principais temas abordados pelo artista: religião, futebol e americanização.
Jocoso, tira a arte do pedestal, sempre com a presença dos EUA e do consumismo. Iguala signos religiosos e desenhos animados. Com objetos industrializados, ele se aprorpia, desapropria, reapropria. Exprime a sua própria interpretação. Mais do que simplesmente levar um ready-made ao museu, reprograma as informações, trazendo sempre um tom de ironia. Chega a fazer ready-made dos ready-mades de Duchamp.
A suas muitas coleções, não dá o nome de arte, mas sim de hobby. E quem se importa se tudo aquilo que está exposto de fato é arte?


foto retirada de http://www.sesisp.org.br/home/2006/centrocultural/Prog_expo.asp

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mais Olafur Eliasson

Se a grande sacada da obra do Olafur na Pinacoteca é a noção espacial do conjunto, no Sesc Pompéia é o inverso, a total perda da noção através da visão. Vaga-se sem rumo. A total escuridão seria mais reconfortante que esta semi-*isão, com apenas uma sutil percepção de claro e escuro, com poucos metros de abrangência. Recorre-se ao tato e ao som (a reação automática de muitas criaças é o berro). Na solidão compulsória, é aflitivo o pensamento de que de repente pode aparecer alguém, sem que se perceba. Se eu não vejo ninguém, ninguém me vê. Posso então fazer o que quiser? Será assim depois da vida: um flanar sem rumo entre a escuridão e a luz, sem espaço, sem niguém, e ainda assim reconfortante?


Em outro ambiente, há um labirinto de cores. As camadas sobrepostas de cores primárias são as mesmas usadas na instalação do Sesc Belenzinho (também obra do Olafur), mas não são feitas de luz, pois tem matéria. Deixe-se perder. A transparência permite a apreensão total do espaço. Ainda assim, não se sabe onde se chegará quando opta-se por um determinado caminho. Seria difícil imaginar uma instalação tão propícia ao galpão da Lina Bo Bardi. Olafur não só faz a obra especificamente para o espaço que vai envolvê-la (e consequentemente fazer parte da arte), como escolhe muito bem o material e o procedimento para cada contexto.
Se quando comparamos a exposição da Pinacoteca com a do Sesc Pompéia encontramos resultados tão díspares, isso se explica pela clara diferença entre os espaços expositivos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Olafur Eliasson: Seu corpo da obra


Espaço, luz, reflexo do espaço, reflexo da luz, eu no espaço, eu na luz, como eu me insiro neste espaço? É o que me pergunto enquanto vejo o grande espelho giratório no teto do octógono da Pinacoteca.
Eliasson conversa muito bem com o espaço circundante, realizando obras site-specific para o museu e a cidade. A Av. Tiradentes vista do caleidoscópio é uma nova visão de São Paulo. A passagem das pessoas, dos carros, as vitrines de vestidos de noivas, se renovam para o observador. A cidade deixa de ser a vista incômoda do entorno do parque da luz, passa a ser o elemento que dá vida ao caleidoscópio, vira a prórpia obra.


Em uma sala escura cores giram, misturando-se, iluminando fracamente o espaço, apenas para que se tenha uma pequena noção dele. E as cores giram, giram, devagar e sempre.

Entrando em uma pirâmide invertida, a luz ofusca os seus olhos. São precisos alguns segundos para se adaptar à claridade. É indescritível a sensação de quando se percebe o que está acontecendo. O dentro e o fora se confundem, a Pinacoteca se duplica.

É a primeira exposição individual do dinamarquês Olafur Eliasson na América Latina, ele está na Pinacoteca, no SESC Belenzinho e no SESC Pompéia, até 8 de janeiro de 2012.
É uma pena que tanto espelho incite o narcisismo - naqueles que já tendem a isso.
(fotos de autoria própria)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Em Nome dos Artistas - Fundação Bienal


A exposição comemorativa de 60 anos da Fundação Bienal, que segue até o dia 4 de dezembro, faz um bom panorama da arte americana. O repertório dos artistas é gritantemente americano, o que resulta em muitas obras tratando de temas como a bandeira, a polícia, a cultura pop, o consumismo, a guerra...
A própria organização da exposição é um tanto quanto americana, com placas chamativas indicando onde há obras não indicadas para menores de 18 anos e grandes avisos no chão dizendo "PLEASE DO NOT TOUCH", às vezes chamando mais atenção do que a própria obra.
A maioria das obras encontra-se no segundo piso, com uma grande variedade de artistas, materiais e temas, mas no geral sempre com um aspecto visual chamativo. Mas o que vale a pena visitar de fato é o terceiro piso, com uma organização espacial muito distinta do segundo piso, onde há claustros individuais de cada artista.
Merecem especial atenção Jeff Koons (foto), Tony Sachs, ambos no terceiro andar, e Karl Hendel, com a sua irônica árvore genealógica de coelhos.

Destaque à simpatia e ineteresse dos seguranças em bater um papo sobre a vida e sobre as obras.