terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mais Olafur Eliasson

Se a grande sacada da obra do Olafur na Pinacoteca é a noção espacial do conjunto, no Sesc Pompéia é o inverso, a total perda da noção através da visão. Vaga-se sem rumo. A total escuridão seria mais reconfortante que esta semi-*isão, com apenas uma sutil percepção de claro e escuro, com poucos metros de abrangência. Recorre-se ao tato e ao som (a reação automática de muitas criaças é o berro). Na solidão compulsória, é aflitivo o pensamento de que de repente pode aparecer alguém, sem que se perceba. Se eu não vejo ninguém, ninguém me vê. Posso então fazer o que quiser? Será assim depois da vida: um flanar sem rumo entre a escuridão e a luz, sem espaço, sem niguém, e ainda assim reconfortante?


Em outro ambiente, há um labirinto de cores. As camadas sobrepostas de cores primárias são as mesmas usadas na instalação do Sesc Belenzinho (também obra do Olafur), mas não são feitas de luz, pois tem matéria. Deixe-se perder. A transparência permite a apreensão total do espaço. Ainda assim, não se sabe onde se chegará quando opta-se por um determinado caminho. Seria difícil imaginar uma instalação tão propícia ao galpão da Lina Bo Bardi. Olafur não só faz a obra especificamente para o espaço que vai envolvê-la (e consequentemente fazer parte da arte), como escolhe muito bem o material e o procedimento para cada contexto.
Se quando comparamos a exposição da Pinacoteca com a do Sesc Pompéia encontramos resultados tão díspares, isso se explica pela clara diferença entre os espaços expositivos.

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